Gravidez na Adolescência

Por Rafael Grassi,

Abrir mão da camisinha expõe a jovem a uma gravidez indesejada e a uma série de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a Aids.  Há ainda o fato psicológico: essas garotas ainda não sabem se são mães ou filhas e contam com a ajuda de suas mães para praticamente tudo. No entanto, é importante que a avó deixe claro quem é a mãe da criança, para que sua filha assuma as responsabilidades e não delegue funções.

As informações sobre as consequências do sexo desprotegido estão em todo lugar e 92% das meninas afirmam conhecer algum método contraceptivo, mas muitas acreditam que nada vai acontecer com elas. A incidência de eclampsia, a hipertensão na gravidez, é cinco vezes maior em adolescentes, que também estão mais suscetíveis a terem anemia. Para prevenir tais doenças, é fundamental que o pré-natal seja feito o quanto antes. Independente da classe social do casal, a gravidez precoce atrapalha o desenvolvimento da menina, pois limita sua vida social e compromete os planos para o futuro e a construção de uma carreira profissional. Ao se descobrirem grávidas, as meninas costumam abandonar os estudos e durante vários meses se dedicam exclusivamente ao filho.

Para Fernanda Macedo (28) que teve uma gravidez precoce o inicio foi a fase mais complicada: “ Quando descobri que estava grávida aos 18 anos foi muito complicado no inicio, tinha acabado de sair do colégio e iria iniciar a faculdade. Era muito imatura na época e aquilo querendo ou não abalou um pouco o meu emocional, a minha sorte foi que meus pais me ajudaram muito nesse período da gravidez, me apoiaram e fizeram me senti mais forte. Mais em muitas famílias isso não ocorre, os pais descriminam as jovens e fazem elas ficarem mais abaladas emocionalmente e com isso acaba prejudicando a gestação.”

Cerca de 20% dos bebês que nascem anualmente no Brasil são frutos de uma gravidez na adolescência, de acordo com dados do IBGE (pesquisa 2016).

Cabe destacar que a gravidez precoce não é um problema exclusivo das meninas. Não se pode esquecer que embora os rapazes não possuam as condições biológicas necessárias para engravidar, um filho não é concebido por uma única pessoa. E se é a menina que cabe a difícil missão de carregar no ventre o filho durante toda a gestação, de enfrentar as dificuldades e dores do parto e de amamentar o rebento após o nascimento, o rapaz não pode se eximir de sua parcela de responsabilidade. Por isso, quando uma adolescente engravida, não é apenas a sua vida que sofre mudanças. O pai, assim como as famílias de ambos também passam pelo difícil processo de adaptação a uma situação imprevista e inesperada.

Riscos e Consequências

Segundo especialistas, a idade mais apropriada para ser mãe é entre os 20 e 35 anos, já que o risco para a saúde da mãe e da criança é muito menor. A gravidez na adolescência é considerada de alto risco e implica em mais complicações. O risco de morte materna relacionada com a gravidez e o parto em adolescentes entre os 15 e os 19 anos de idade representa cerca de 70 mil óbitos por ano. Nas adolescentes com menos de 15 anos de idade, esses riscos são consideravelmente mais elevados. Elas têm mais probabilidades de morrer no parto do que as mulheres que se encontram na casa dos vinte anos. A hipótese de o parto ser difícil e perigoso é maior numa adolescente do que numa mulher adulta e o resultado disso é que os bebês nascidos de mães muito jovens são mais propensos a morrer antes de completarem um ano de idade. No caso das mães adolescentes, por não terem uma bacia completamente desenvolvida, elas podem sofrer sérias consequências, tais como eclampsia, parto prematuro, parto prolongado, parto obstruído, fístula, anemia ou morte do bebê e/ ou morte materna. Quanto mais jovem for a mãe, maior é o risco que ela e o bebê correm.

De acordo com o Agente de Saúde Geraldo Grassi, que trabalha na área de saúde a 45 anos, é mais fácil haver aborto por parte desses jovens, além disso esse aborto costuma ser mais tardio, o que acercam riscos ainda maiores. “Outro fator que agrava a complicações patológicas é o pré-natal tardio ou algumas inexistentes onde a jovem começa acompanhar lá pela 20° semana e aí os riscos já estão bem definidos” explica Grassi.

Segundo Alessandra Rossini Coordenadra de Enfermagem da maternidade Mater Dei, uma das que mais recebem gestantes adolescentes em Curitiba, a taxa de gravidez nessa idade na capital é de 16%, acima da média estipulada pelo Ministério da Saúde que é de 15%. Com isso, o hospital atende com freqüência mães cada vez mais jovens que chegam na unidade. Pensando no aumento da gravidez na adolescência e seus riscos, a Mater Dei criou um projeto chamado “Quero Colo” que orienta essas gestantes. Esse projeto tem por bjetivo atender especialmente as mães adolescentes. “É um quadro atual e que vemos de forma crescente em todas as regiões do Brasil e da América Latina, mesmo com  toda a informação e a tecnologia que hoje possuímos”.

Principais causas da gravidez precoce

  • Desestrutura familiar:  Apesar de as informações sobre o tema serem abundantes, muitos pais são rígidos e não dão abertura para que as adolescentes conversem sobre sexo e esclareçam suas dúvidas.
  • Imediatismo: No calor da hora, vários casais abrem mão de usam a camisinha para não “perder o clima”.
  • Pensamento mágico: Acreditar que “não vai acontecer comigo” é muito frequente. A menina sabe que pode engravidar, mas isso só acontece com as outras.
  • Utilização de métodos furados: Algumas adolescentes acreditam que utilizando o método da tabelinha ou o coito interrompidos estão se protegendo. Que engano!
  • Uso errado da pílula do dia seguinte: Por receio (ou preguiça) de tomar a pílula anticoncepcional diariamente, muitas meninas adotam a pílula do dia seguinte como um método contraceptivo, tomando após cada relação, o que é um erro gravíssimo. A pílula do dia seguinte, além de ser uma bomba hormonal, tem sua eficácia reduzida com o uso recorrente.

Fonte: Revista Abril

 

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